quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Aguinaldo Silva diz ter usado tesoura e cola para escrever “Roque Santeiro”

Ainda viva na memória de muitos brasileiros, a novela “Roque Santeiro” comemorou 25 anos no último mês. Para celebrar a data a jornalista Cristina Padiglione do Estadão, entrevistou o novelista Aguinaldo Silva que contou um pouco do processo criativo da novela que em comemoração do aniversário teve um DVD lançado pela Globo Marcas. Ferino, como não poderia deixar de ser, Aguinaldo criticou o final criado por Dias Gomes e diz ter usado tesoura e cola para corrigir as cenas enviadas pelos colaboradores.

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ESTADÃO - Sempre ouvi dizer que você escreveu “Roque Santeiro” praticamente sozinho e que o Dias Gomes, autor da peça que deu origem à novela, participou do processo dos primeiros capítulos e só voltou a atuar ao seu lado para escrever o final. Isso é lenda ou é verdade?
AGUINALDO - Dias Gomes escreveu os primeiros 40 capítulos, mas eu tive que enxertar algumas cenas neles, pois originalmente a novela ia ser apresentada no horário das 22 horas, cujos capítulos eram menores. Ele me escolheu para escrever “Roque Santeiro” e viajou para a Europa. Quando voltou, eu já estava no capítulo 180, e a novela era um incrível sucesso. Daí ele decidiu que escreveria os 30 capítulos finais, e eu me afastei. Ou seja, pode-se dizer que Dias Gomes escreveu 70 capítulos e eu escrevi 140. Mas isso é uma história antiga, eu escrevi várias novelas depois de “Roque Santeiro” e o Dias imperdoavelmente nos deixou.

 ESTADÃO - Como era o processo de trabalho em “Roque”? Distinguia muito do modo de trabalhar hoje?
AGUINALDO - A diferença básica é que a novela era escrita na máquina de escrever manual! Isso hoje parece impossível, mas era assim. Eu tinha dois colaboradores, Marcílio Moraes e Joaquim Assis, e fazia as correções nos capítulos deles usando tesoura e cola, do contrário, mesmo que a página tivesse um único erro, eu teria que datilografá-la toda de novo! No mais o processo era o mesmo: eu fazia as escaletas, distribuía os capítulos e todos nós escrevíamos. Mas a revisão final era feita por mim.

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ESTADÃO - Houve consenso entre você, Dias Gomes e Paulo Ubiratan (diretor-geral da novela) sobre o final escolhido para Porcina? Ou a escolha foi apenas do Dias Gomes?
AGUINALDO - A escolha foi apenas do Dias Gomes. Eu não podia opinar porque estava fora. Mas o Paulo Ubiratan me disse que tinha odiado aquele final ostensivamente copiado de “Casablanca”. Mesmo assim ele o dirigiu de tal modo que ficou inesquecível.

Em tempo: o DVD de Roque Santeiro traz, como extra, os dois finais gravados para a novela, algo inédito para a época: Porcina partindo no aviãozinho, com Roque, e ficando em Asa Branca, com Sinhozinho. Com 16 discos, a caixa de ‘Roque’ agora lançada pela Globo Marcas custa R$ 250,00.

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